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Escolas ainda promovem "vestibulinho"

24/10/2006 

DANIELA TÓFOLI
da Folha de S.Paulo

Escolas particulares de São Paulo continuam fazendo provas para a admissão de alunos da primeira série, contrariando resolução do Conselho Nacional de Educação de 2003.

Algumas usam artimanhas para driblar a norma, fazendo testes nos chamados "dia de vivência", que acontecem antes da matrícula. Outras passaram a aplicar o exame na segunda série, aproveitando a mudança do ensino fundamental de oito para nove anos (no qual a segunda série, nas escolas que adotarem o novo esquema, vai equivaler à atual primeira).

Os "vestibulinhos" são criticados por educadores. Segundo eles, esses testes assustam as crianças e podem até causar traumas na vida escolar futura. Muitos colégios defendem o sistema alegando que é uma forma mais justa.

Em setembro, o Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida (zona sul de SP), foi notificado pela diretoria de ensino por ter feito teste para a primeira série. "Levei meu filho até a escola para a prova e lá o separaram de mim. Ele ficou em uma sala minúscula fazendo uma prova, mas como é muito tímido, travou. Ele se assustou e começou a chorar", diz a advogada Thaís Clara Martins de Almeida Prado, 45. Seu filho, de seis anos, concorria a uma das 75 vagas do período da tarde, disputada por mais de cem crianças.

"A freira questionou se ele sempre se comportava daquela forma e disse que aquela não era a melhor escola para ele." Thaís denunciou o colégio à diretoria de ensino.

Na Escola Móbile, também na zona sul, antes da matrícula os pais pagam uma taxa para o "dia de vivência" --no qual as crianças conhecem as dependências e os professores.

No meio da tarde, porém, sem aviso prévio, as crianças têm de fazer "lições" de avaliação. Quem não vai bem não é chamado para matrícula. Neste ano, cem alunos disputaram 30 vagas. A direção da escola confirma que as crianças são avaliadas, mas diz que não ocorre seleção --pais de crianças que apresentaram muita dificuldade são orientados a procurar uma escola mais apropriada ao filho. Neste ano, foram três casos. Após o teste, se o número de aprovados for maior que o de vagas, há um sorteio.

No Lourenço Castanho (zona sul de SP), a prova para a primeira série ocorreu na sexta. A escola diz que o exame não é classificatório, mas ele foi feito antes da matrícula. "Se não é para "barrar" o aluno, a prova deve ser feita após a matrícula", diz a procuradora da República, Eugênia Fávero. Silvia Meira, que levou o filho Rodolpho, 6, para fazer o teste no Lourenço Castanho, aprovou a adoção da prática. "É uma maneira de a escola conhecer o estudante."

Em 2005, após uma disputa entre os conselhos nacional e estadual da Educação para ver quem deveria regulamentar o assunto, a Justiça paulista decidiu proibir os exames para a primeira série do ensino fundamental, após o Ministério Público acionar três escolas. "Temos uma norma do Conselho Nacional da Educação e uma jurisprudência que proíbem este tipo de seleção por ser discriminatório", diz Eugênia.

Alvos de ações na Justiça em 2005, os colégios Santa Cruz, Porto Seguro e Nossa Senhora das Graças tiveram de modificar os processos de admissão neste ano. O Santa Cruz optou por não aceitar novos alunos para a primeira série de 2007.

Só fará o curso quem já estiver na educação infantil do colégio. O Nossa Senhora das Graças decidiu preencher as vagas pelo critério de idade: primeiro são chamados os mais velhos. Já o Porto Seguro não respondeu à Folha. Os colégios entraram com recurso na Justiça.

Outro lado

Diretora do Colégio Lourenço Castanho, Maria Cristina Hoffmann diz que o "vestibulinho" do colégio não serve para seleção. "Queremos conhecer o aluno."

A diretora do Colégio Franciscano Nossa Senhora Aparecida, irmã Priscila Rossetto, diz que o exame não visa impedir a matrícula. "Foi um fato isolado [o de Thaís e o filho]. Não fazemos um teste, fazemos um diagnóstico. Como a criança foi muito retraída, coloquei para a mãe se não teria dificuldade na escola."

Já a diretora do Colégio Móbile, Maria Helena Bresser, explica que só não é chamado quem não está alfabetizado. "Explicamos que a criança não conseguirá acompanhar a turma."

Com VINICIUS ABBATE, colaboração para a Folha de S.Paulo

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