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Nota de simulado gera desgastes

26/09/2006 

SIMONE HARNIK
da Folha de S.Paulo

"Sua dúvida é minha vaga", mostra a estampa numa camiseta de vestibulando. O candidato mais inseguro treme ao encarar dizeres como estes no dia dos exames. Mas não é só durante as provas que isso acontece: já na época dos simulados alguns estudantes sentem o estresse da competição com os próprios colegas. A saída? Autocontrole.

"Odeio que me perguntem quantos pontos fiz no simulado. Muitos ficam querendo comparar nota, mas eu não falo sobre isso", afirma Nicolle Hofer Tebbe, 20, que está no pré-vestibular há três anos em busca de uma vaga em medicina.

"Tem gente com menos anos no cursinho que se coloca como superior porque tirou uma nota maior no simulado. Só que o tempo de cursinho não tem nada a ver com o desempenho no vestibular. Tem gente boa que não passa porque fica nervosa durante a prova", completa.

Segundo a psicóloga Mariita Bertassoni da Silva, do UnicenP (Centro Universitário Positivo) e da PUC do Paraná, alguns jovens até utilizam conscientemente a nota dos simulados como forma de desestabilizar o oponente. "Mas a proporção de quem faz isso sem saber, só para se auto-afirmar, é maior. É um desejo grande de superar o vestibular. Bem maior do que o de prejudicar o colega."

"A nossa intenção com o simulado é fazer com que o aluno tente descobrir onde está fraco, para melhorar e se desenvolver. Dependendo da estrutura emocional e familiar, a comparação com os outros pode fazer mal", diz Vera Guimarães, psicóloga do Objetivo.

A estudante Yara Dias, 19, que está no segundo ano de cursinho para medicina, revela que, no ano passado, "entregou os pontos" depois de maus resultados nas avaliações. "Quando chegou setembro, bateu um desespero", diz.

No entanto, mais experiente, ela revela que até "gambiarra" existe para tirar uma pontuação melhor. "Muitos fazem a prova depois que já saiu o gabarito." Com isso, os estudantes conseguem se posicionar em salas melhores e mostrar para os pais uma nota que não é exatamente a que mereciam.

Mesmo nos colégios a competição aparece. De acordo com Osmar Antônio Ferraz, coordenador de vestibular do Bandeirantes, é no segundo e no terceiro ano do ensino médio que a disputa se acirra. "O grande fator é a carreira escolhida. As turmas de biológicas, devido à ansiedade, se preocupam em comparar o desempenho com o outro. Às vezes, até dissimulam."

Estratégias

"Tudo é questão de terrorismo", ironiza Fernando Martos Martins, 17. Na parede de sua sala de biológicas do cursinho, ele e os colegas pregam o número de dias que faltam para a Fuvest. "A galera que é mais fraca psicologicamente pira."

No cursinho, outra brincadeira que beira a tática de guerra é escrever nas portas de banheiros ou nas pranchetas de estudo frases como "Enquanto você lê esta mensagem, tem um concorrente estudando".

Para o coordenador do Etapa, Carlos Eduardo Bindi, a competição, dependendo do nível, pode se tornar até doentia. "O que o candidato tem de fazer é potencializar seu próprio desempenho. Pensar no outro não resulta em nada."

O coordenador do Anglo, Ernesto Birner, diz que há duas formas de passar pela fase da concorrência acirrada. "Uma delas é deixando afetar a auto-estima. A outra é utilizar a experiência para crescer." Ele afirma ainda que, quando o candidato erra uma questão no simulado, tem de aprender com o erro. Só assim ele se iguala a quem acertou.

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