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Há seis anos atrás, Deus colocou juntos, em uma sala de universidade, um grupo de jovens que eram quase crianças, mas já tinham um objetivo em comum. Aos 17 ou 18 anos queriam ser médicos e certamente bons médicos. Ainda contagiados pelo orgulho e alegria da recente conquista no vestibular, pouco imaginavam o que haveria de acontecer daquele momento em diante. Esses éramos nós, hoje formandos, no ano de 1994 no saguão da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, em nosso primeiro dia de aula.
Aquele mundo novo estava à nossa frente de braços abertos e pronto para dar-nos conhecimento, treinamento e autoridade, transformando-nos, assim, em outros que ainda não conhecíamos. Daquele momento em diante éramos estudantes de medicina, e para nós nada frearia nossa trajetória ao sucesso.
Naquele dia, os minutos passaram rapidamente e a primeira aula do curso já havia começado. Somente a aula de anatomia humana tinha tanta sedução e prestígio, sendo que ansiosamente fomos assisti-la. Na sala, um professor de bigode e fala autoritária usava um tom de voz diferente, ao qual não estávamos acostumados, falando de coisas até então distantes de nossa realidade. Comentava sobre responsabilidades, dificuldades e dedicação. Dizia ele que nós seríamos doutores e que em nossas mãos estariam vidas, que nossa conduta seria decisiva, nossos passos e conselhos seriam modelos e que o nosso instrumento seria a força de vontade para crescer sempre.
Por esse motivo, esse professor, Doutor Tupiná e muitos outros estão presentes aqui hoje. Não pudemos chamar todos os queridos mestres, mas nenhum deles foi mais ou menos importante. Quem não haveria de se assustar quando o Doutor Metry Bacila cobrava nossas obrigações perguntando: "O que vocês fazem da meia-noite às seis, dormem?" São todos responsáveis pelo nossa passagem.
Devemos agradecer também à Universidade que se apresentou a nós não como uma agência de distribuição de diplomas, mas sim como nosso segundo lar. Esta é a instituição mais poderosa com que contam os povos modernos, tanto para a vitória na guerra como para o progresso na paz, sem esquecer que quem faz a universidade é a mente e o coração de seus componentes. Basta pensar que se construirmos um prédio em formato de igreja e dentro dele não tivermos fé, ele nunca será um templo; se construirmos uma casa para morarmos e não reinar o amor dentro dela, ela jamais será um lar. Da mesma forma, se erguermos um prédio com formato de escola e não houver dentro dele ensino e aprendizado, nunca será um lugar de formação. Peçamos a Deus que nos ilumine e com fé, ensino, aprendizado e amor, possamos manter a nossa Pontifícia Universidade Católica do Paraná sempre nossa escola, nosso templo e nosso lar.
Cabe-nos dizer algo àqueles que mais nos amam: Pai, mãe, sentimos por não termos estado sempre presentes e sabemos que por mais solicitados que tenhamos sido, poderíamos ter priorizado o nosso lar. Se vocês pensarem bem, hoje nós temos aquilo que só os pais antes tinham, uma profissão e que, de certa forma, ainda incompleta, também nos tornamos um pouco mais. Acreditem que hoje estamos aprendendo a entendê-los, admirá-los e amá-los ainda mais.
Nossa turma já não é a mesma de seis anos atrás. Muitos colegas tropeçaram no difícil caminho, deixando saudades, e outros, uniram-se a nós nessa caminhada. Os sinais da maturidade crescente já esboçam seus leves traços em nossos rostos, porém nossa visão do mundo e da medicina mudou radicalmente. Aquilo que no primeiro dia era mistério parece-nos hoje uma complicada missão médica e humana que remos o maior prazer em cumprir.
Assim como dizia um mestre: "O vestibular foi nosso primeiro obstáculo e também nossa primeira grande vitória". Quando o ultrapassamos, achamos que muito tínhamos feito e realmente fizemos para aquela época. Com o avançar das demais fases de nossa vida universitária, o vestibular se tornou uma etapa que foi facilmente ultrapassada, isto, frente às dificuldades que possamos encontrar. Segundo o mestre que agora cito, a residência médica é nosso segundo grande obstáculo. Disputamos tão minuciosamente com nossos colegas os pontos dessa prova, que para os menos avisados, nem parecemos amigos. Pois, é sabido que não há vagas para todos e, se eu entro, o meu colega pode estar deixando de entrar. De qualquer forma, todos nós ingressaremos juntos no que o nosso mestre define como o terceiro obstáculo a ser percorrido: o desenrolar da própria vida.
Este deverá ser transposto com muita nobreza de espírito, para que quando o finalizarmos possamos dizer que não só fomos médicos, mas que descobrimos o verdadeiro significado de ser médico e que fomos felizes como tal.
(Autor Desconhecido)
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